MMichalski Music News

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Uma Quarentona de Los Angeles


Em abril de 1971 foi lançado o último álbum do The Doors ainda com seu crooner e líder, Jim Morrison. Em julho do mesmo ano, Jim foi encontrado morto na banheira de um quarto de hotel em Paris.

Agora, no início de 2012, foi lançada uma reedição deste álbum, com faixas bônus e novas versões das faixas originais em um segundo CD. 

Acho que neste ponto, a maior novidade é a música “She Smells So Nice”, uma gravação que foi encontrada recentemente e não era conhecida do público até então.

L.A. Woman, o álbum em questão, reflete o estado de espírito no qual já se encontrava Jim Morrison: mais desleixado, mais arrastado, mais “blues” – com todos os significados que a palavra traz.

Não é, apesar disso, um trabalho menor. Com a faixa título e a badaladíssima “Riders On The Storm” inclusas, já teria material suficiente para ser um excelente trabalho.

As duas juntas já foram regravadas por diversos artistas, entre Billy Idol e Snoop Dogg, passando por Creed e sendo incluídas em trilhas sonoras de filmes e jogos.

"L.A. Woman", o álbum, foi o trabalho final do (verdadeiro) The Doors, uma banda que dificilmente terá uma equivalente.

Desde que eu ouvi The Doors pela primeira vez fiquei impressionado. Os grooves, as linhas de baixo (sem um baixo!), a bateria extremamente bem trabalhada, a guitarra sempre no lugar certo e Jim Morrison, nos vocais, escandalizando com seus “proibidões” dos anos 70. 

Mesmo hoje não é qualquer um que digere com facilidade a letra de “The End”, originalmente apresentada no álbum "The Doors", de 1967.

Era uma banda completa. E Jim era um poeta lunático. Ou seriam os demais integrantes, Ray Manzarek (teclados), Robby Krieger (guitarra) e John Desmore (bateria) os verdadeiros loucos por seguirem um insano em suas aventuras pelos palcos?

Vou deixar aqui alguns links para vocês se deliciarem e se arrependerem...

 L.A. Woman -  The Doors


  Riders On The Storm -  The Doors

  
 L.A. Woman -  Billy Idol


Riders On The Storm -  The Doors and Creed 


 Riders On The Storm -  Snoop Dogg ft. The Doors

 

Abraços,

Miguel Michalski.

Neil Young está ficando surdo?



Creio que não...

Tudo bem, falar que 95% do que se cria em uma música é perdido devido (apenas) à compactação inerente aos arquivos portáteis que utilizamos atualmente é um pouco de exagero.

Mas, Neil Young tem razão: em termos de informação, perde-se muito com a compactação (e não necessariamente com a digitalização).

Há algum tempo falei aqui no blog sobre a volta do LP, o que tem tudo a ver com o assunto do texto de hoje. Vou deixar o link aqui embaixo:
 

Acredito que depois de quase dois anos que escrevi este texto, algumas ideias mudaram, outras se consolidaram.

Continuo acreditando, por exemplo, que a música de bolso, ou a música compactada através dos famosos arquivos “mp3” (ou equivalentes), deve ser distribuída livremente. Como Neil Young citou, essa circulação de arquivos seria o “novo rádio” e permitiria que novos trabalhos fossem conhecidos pelo público.

Mais do que isso, acredito que a música portátil tenha seu espaço não apenas para divulgação dos artistas, mas também para a sua audição, como fazemos atualmente.

Então, para que serviriam as bolachas, os LPs, os arquivos enormes contendo a “música verdadeira”, como Neil Young se referiu?

Respondo: é tudo uma questão de referencial e, principalmente, uma questão circunstancial.

Como uma boa bebida, uma boa comida ou uma boa companhia, a “música verdadeira”, deve ser degustada, apreciada com cuidado, precisa ser absorvida com o tempo certo.

Não adianta querer ouvir a “música verdadeira” no seu aparelho de celular, no seu computador (com aquelas caixinhas ridículas), no seu carro (com aqueles alto-falantes maiores do que as rodas), no radinho do seu trabalho.

Primeiro porque nenhum desses aparelhos possui os meios necessários para se reproduzir uma música com diferentes níveis de qualidade e se perceber, de fato, a diferença que teríamos entre cada nível. E, em segundo lugar, porque geralmente quando estamos ouvindo música nesses aparelhos, estamos prestando atenção em diversas outras coisas e não temos tempo para perceber a diferença que a “música verdadeira” teria.

Para mim, a “música verdadeira” precisa de um equipamento de som “verdadeiro”, de um ambiente “verdadeiro”, ou do contrário voltamos as 5% do que temos hoje. Além disso, a “música verdadeira” precisa de um momento “verdadeiro” para ser apreciada. Para ouvir no seu celular, no seu radinho, no seu carro ou no seu computador, os 5% do Neil Young são mais do que o suficiente. Para fazer barulho no trem ou no ônibus, como constatamos no dia a dia, 1% dá e sobra.

Mas, para se ouvir na sala da sua casa, com um equipamento de som de primeira (caixas de som de qualidade) e tempo de sobra, ai sim, os 95% restantes fazem falta. Você não precisa parar toda a sua vida para escutar um disco, mas não adianta querer descobrir a falta que esses 95% fazem xingando o motorista do carro ao lado.

Mas, mais grave do que isso: como a música hoje está sendo produzida? Será que ela contém os 95% que faltam quando sai das mesas de gravação? 

Acho que não...

Seja de forma analógica ou digital, as mixagens e masterizações buscam se adequar ao usuário final. Se antigamente os monitores de estúdios enormes eram a referencia, hoje em dia qualquer cone de papelão com uma bobina pode ser uma referência.

E aí entra o outro aspecto da questão, em particular para a música pop: as músicas são produzidas atualmente para o seu radinho, seu celular, seu mp3 player. A compressão, a equalização, a dinâmica (ou falta dela) está totalmente voltada para a portabilidade das músicas. 

O pensamento é simples: para que preciso produzir uma música cheia de detalhes, com minimalismos dinâmicos, se vou perder isso tudo quando ela for reproduzida?

Essa ideia pode ser estendida à origem das músicas, ou seja, os artistas: para que precisamos de uma banda com integrantes de qualidade se a “qualidade” será perdida no caminho? 

E poderíamos ir para a outra ponta da cadeia: para que ouvintes que saibam apreciar a qualidade das músicas se eles nem sabem o que é música de qualidade?

Bom, acredito que estas questões caibam melhor em outro texto e podem ser respondidas depois. 

E o que vocês acham disso tudo? Deixem aqui suas opiniões!

Abraços,

Miguel Michalski.