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quinta-feira, 1 de março de 2012

Grandes Irresponsáveis

O título deste post não é meu. Nem o texto principal. São de uma amiga minha, a Silvia, que escreveu o que eu vou reproduzir na íntegra, logo abaixo.

Tenho uma grande satisfação ao ver que a insatisfação pode ser coletiva. Uma insatisfação embasada, qualificada, de gente que sabe o que não quer na vida. De gente que quer fazer, que quer ser, que é e que será.

Achei o texto da Silvia ótimo, podendo ser usado em vários contextos. Acho, inclusive, que se pararmos para pensar em como usamos os meios de comunicação, em especial a internet e suas diversas mídias sociais, atualmente, o texto dela cai como uma luva.

Silvia, parabéns. Espero, realmente, que muitos leiam esse texto e reflitam a respeito, que pensem a passem a agir de uma forma melhor para termos, de fato, um mundo melhor.

E aqui vamos nós...


Grandes Irresponsáveis

Ando vendo uma frase que diz assim "sou responsável pelo que falo, e não pelo que você entende". Engana-se. Pois uma pessoa realmente RESPONSÁVEL usa com cuidado e discernimento as palavras para que não aja ambiguidade na transmissão da mensagem. Uma pessoa RESPONSÁVEL usa de princípios como sabedoria e serenidade para que as palavras sejam benéficas e não agressivas. Uma pessoa RESPONSÁVEL se preocupa em usar as palavras para ajudar, e não macular o seu irmão receptor. Portanto, uma pessoa RESPONSÁVEL, se preocupa se vai ser realmente entendida.

Isso se estende a tudo, e em todos os departamentos da vida.

Nosso país é assim, somo movidos por esse sentimento egocêntrico de grandes irresponsáveis, é como dizer “Sou responsável por fazer as leis e não pelo impacto que ela terá em sua vida” ou como dizer, “sou responsável por minha barriga gorda de caviar e não pelo seu ronco de fome”. Sei que está na hora nos fazermos entender, e já passou da hora de nós sermos responsáveis pelo que falamos e pelo que incutimos nos outros. Desejo ver formadores de opiniões, gente que se preocupa em aperfeiçoar pensamentos, em iluminar ideias e em esclarecer duvidas, para que não sejamos manipulados por aqueles que não se responsabilizam pelo que nós entenderemos.

É necessário que essa sede de esclarecimento seja saciada, precisamos regar com conhecimento essa arvore seca pela ignorância das pessoas irresponsáveis. Sim, irresponsáveis. Somos todos irresponsáveis e tolos. Nós negamos a nossa responsabilidade a tudo, ao país, a cidadania, aos direitos humanos, a saúde a educação. Alimentamos a serpente que nos envenena há tempos incontáveis, com a proteína trazida pelo sentimento de anulação às questões em geral, sejam elas de cunho pessoal ou coletivo.

Creio que o sentimento de responsabilidade é algo que principia nas primeiras peregrinações, ainda quando se é um pequeno ser, mas algo parece podar essa “planta” antes que ela dê doces frutos. Quando crescemos, nós delegamos as culpas alheias, ou seja, não somos responsáveis por nada, nem pelo que falamos, pois nem garantimos que nossa fala será clara e coesa.

Mas pra que consciência né?! Se o que vale mesmo é impressionar com frases de efeito num fundo cretino e inconsequente, pois é assim que somos deslumbrados a cada discurso eleitoral. E é nessa auto sabotagem que vamos marchando lenta e dolorosamente para o abismo da estupidez, onde aplaudimos nosso próprio fracasso, comendo satisfeitos nosso pão sem manteiga.

Sei que é muito mais agradável lermos textos pulcros, onde a reflexão é escassa e a beleza é abundante. Mas quem vos escreve, há tempos não é mais apática a questões coletivas, que assiste assustada essa corrente comportamental xucra que tem como governante a insensibilidade; entende que anulando responsabilidades é como o crime de suicídio, pode até não haver culpados, mais há mortos; e luta todos os dias para ser menos irresponsável.

Silvia M. Pinheiro Machado.



Abraços,

Miguel Michalski.