MMichalski Music News

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Os equipamentos que eu uso: Meus instrumentos


Dando continuidade ao último post que publiquei falando dos equipamentos que utilizo, entrarei aqui em detalhes sobre os instrumentos que fazem parte do meu set atualmente.

Ao todo possuo seis instrumentos “na ativa”, sendo duas guitarras e quatro contrabaixos.

Fora isso, um novo contrabaixo de escala curta (32”) já está praticamente pronto e outros quatro baixos estão a caminho. Dois deles não são instrumentos MMichalski propriamente ditos, mas foram instrumentos que eu adquiri há algum tempo e estão sendo reformados e modificados. Os outros dois são verdadeiros MMichalski e um deles, inclusive, é o primeiro baixo que eu fiz, que está recebendo algumas melhorias.

Conto na linha de frente com três dos quatro baixos que hoje já estão na ativa. Velhos conhecidos de quem acompanha a página da marca no Facebook, “Dark Doom”, “Pig” e “Leprechaun” me oferecem praticamente tudo que eu preciso em qualquer Jam que eu resolva participar. São todos baixos de quatro cordas e passivos.

O primeiro é um fretless, feito como uma homenagem ao grande gênio Jaco Pastorius. Possui o corpo em Alder, braço em peça única de Maple e escala em Rosewood, captadores Fender Samarium Cobalt Noiseless, tarrachas Hipshot HB7, ponte Hipshot vintage style, potenciômetros de volume CTS e potenciômetro de Tone Fender No Load. Neste baixo uso cordas Rotosound Swing Bass 66, com calibres 045-065-080-105.

Sempre gostei dos baixos fretless, tanto pelo tipo de sonoridade que se consegue obter com eles, quanto pela sensação de liberdade dada pela ausência dos trastes. Ao mesmo tempo, eles exigem do baixista um ouvido e uma técnica mais apurados, o que para mim sempre é um desafio.


Vou deixar aqui um "vídeo" que fiz com algumas fotos do "Dark Doom" e uma pequena amostra do som deste baixo. Essa linha foi gravada sem nenhuma pretensão, sem preocupações com o metrônomo ou com regrais tonais. Foi apenas um teste usando minha pedaleira como placa de captura para o áudio, sem a aplicação de nenhum efeito.



Apesar de buscar um projeto cujas características se mantivessem mais próximas de uma linha vintage, ou seja, sem inventar muito, sempre procurei melhorar onde fosse possível, como no caso da escolha dos captadores, noiseless. Você não precisa daquele “HUM” (ruído com frequência fundamental de 60 Hz) característico para dizer que o instrumento é vintage. E, junto com a blindagem que eu sempre uso nos meus instrumentos, realmente o resultado neste quesito é muito bom.

A escolha das cordas é um caso a parte...

Utilizo cordas de diversas marcas nos meus instrumentos, como GHS, D'Addario, Elixir, Ernie Ball, DR, La Bella, Fodera, Ritter, entre outras. E da mesma forma, procuro experimentar os mais diversos tipos de cordas, como as flatwound, as roundwound, em aço, em níquel puro, revestidas, com os mais diversos calibres. Com isso, já cheguei a uma grande diversidade de resultados com os meus instrumentos.

Embora muita gente diga que o tipo da corda influencia mais no conforto do que na sonoridade, uma vez que o baixista poderá compensar perdas ou excessos de frequências com a forma de tocar e com o uso de equalizadores, posso dizer que na prática, considero a escolha da corda um ponto fundamental para se facilitar a vida do músico que busca chegar a uma sonoridade específica.

Desta forma, inicialmente cheguei a usar cordas flatwound (lisas) neste baixo, mas como essas cordas geram menos harmônicos do que as roundwound, o que seria um problema para a idéia que eu tinha para o instrumento, desisti. Acabei buscando um modelo mais tradicional da Rotosound.

A durabilidade das cordas Rotosound é bem interessante, e elas não são tão brilhantes quanto, por exemplo, as GHS, quando novas, o que vai muito bem para um som mais vintage como eu queria.

O “Pig” também é um baixo clássico com toques de modernidade. Sua especificação é muito semelhante à especificação dos baixos de dois outros monstros das quatro cordas: Steve Harris e Roger Waters.

Trata-se de um precision de quatro cordas com corpo em Alder, braço e escala em Maple, as mesmas tarrachas usadas no “Dark Doom”, ponte Gotoh 201 e captadores Seymour Duncan SPB-3. Nele utilizo cordas flatwound, Rotosound Jazz Bass 77, com calibres 045-065-080-105.


Cheguei a utilizar cordas com calibre 050 neste baixo, mas ficaram muito pesadas e desconfortáveis para a minha pegada. E esse é um ponto que todo músico deve sempre priorizar: seu conforto. 

A opção pelas cordas flatwound neste caso vai pelo caminho inverso pelo qual preferi cordas roundwound no “Dark Doom”. Queria que o “Pig” tivesse um som mais seco, com mais punch, e menos harmônicos sobrando, ainda mais porque como eu já estaria utilizando um captador com mais ganho e com uma banda de frequências de resposta mais larga, conseguiria um melhor equilíbrio desta forma. 

A opção pela Rotosound, neste caso, segue a mesma linha de raciocínio do “Dark Doom”: um som mais clássico.

O “Leprechaun” é o mais novo e “moderninho” dos três.


Sua existência se resume praticamente a uma única questão: como seria um baixo do tipo precision com um humbucker cerâmico?

Como nos outros dois baixos que uso na linha de frente, e provavelmente em todos os outros que até então eu já tinha usado, os captadores possuem magneto (ímã) em AlNiCo V (uma liga de ferro contendo alumínio, níquel e cobalto), seria uma experiência interessante um baixo com captadores cerâmicos (cujo ímã é basicamente composto de ferrite).

Em teoria, se compararmos dois captadores idênticos, com as mesmas dimensões, a mesma bobina, o mesmo cobre e mudarmos apenas o seus ímãs, sendo um fabricado com AlNiCo V e outro com ferrite, verificaríamos que a primeira opção possui uma saída mais suave, com uma resposta em frequência mais plana e um som mais próximo do que consideramos vintage. O segundo casa teria uma saída com ganho maior, em especial na faixa de frequência dos médios e médio-agudos, porém perderia um pouco na definição das notas.

Na prática, não pude ainda comparar dois captadores quase idênticos que se diferenciem apenas no que diz respeito ao material que é feio seu ímã, mas de fato o som do “Leprechaun” é o mais rock ‘n’ roll de todos. Cheio de médios, rasgado, pedindo uma distorção.

O baixo possui um corpo também em Alder, como os outros dois, braço em Maple e escala em Rosewood. A ponte é exatamente a mesma utilizada no “Pig”, mas as tarrachas possuem uma pequena variação.

Como o corpo do “Leprechaun” é mais fino do que o padrão de um precision, seu peso também é menor e, desta forma, com as grandes e tradicionais tarrachas “orelhas de elefante”, eu correria o risco de ter um baixo desequilibrado, com o famoso “neck-dive”. Desta forma, optei por utilizar tarrachas Hipshot Ultralite HB6C. E, para dar um maior leque de possibilidades a este baixo, resolvi colocar uma tarracha Hipshot Ultralite Bass D-Tuner X-Tender na corda 4ª corda (E). Com isso, regulei o baixo para uma afinação padrão, porém podendo “dropar” o bordão de E para D.

As cordas escolhidas para este baixo também fogem do tradicional. Resolvi experimentar as cordas DR Neon, na cor verde (para combinar com o instrumento), com calibres 045-065-080-105. Foi uma questão puramente estética, mas que não prejudicou me nada o resultado sonoro.

Meu outro baixo, já na equipe dos reservas, foi por muito tempo meu único instrumento. Trata-se de um Ibanez EXB 445, com cinco cordas, totalmente modificado.

Este foi meu primeiro baixo e o comprei (usado) do meu primeiro professor de contrabaixo. Na época, e lá se vão praticamente 10 anos, este baixo já tinha recebido um pré-equalizador ativo. Seus captadores eram originais, um jogo de Select by EMG Jazz Bass e a afinação era a tradicional para um baixo de cinco cordas (BEADG).

Porém, não satisfeito com isso, resolvi que a essência do baixo deveria ser outra. Troquei a afinação tradicional por uma afinação tenor (em um baixo de quatro cordas, seria ADGC; no meu caso ficou sendo EADGC), os captadores por um jogo de captadores Bartolini 59CBJD S3/L3, coloquei um novo pré-equalizador e um TBX Tone Control da Fender (um tone passivo que funciona como filtro passa alta ou passa baixa, ao contrário dos tones tradicionais, que funcionam como filtros passa baixa).

Neste baixo uso cordas GHS 5MCDYB, 030-045-065-080-100, pois além do brilho característico que as cordas GHS possuem quando novas, é a única marca que eu conheço que facilmente se encontra jogos de cinco cordas com calibres apropriados para a afinação que eu uso neste baixo.
Meus outros dois instrumentos são duas guitarras que atualmente uso muito mais para me divertir, já que ainda estou me adaptando ao instrumento. 

Uma delas, “Shaitaini”, uma guitarra com ares de SG, que foi adaptada para receber o encordoamento D`addario XL 155 (com calibres 024-034-044-056-072-084) e afinação ADGCea (uma das possíveis afinações barítono) atualmente está com um jogo de captadores Seymour Duncan Invader. A ideia deste projeto era construir um baixo com escala extremamente curta (24,75”) ou uma guitarra com cordas tão grossas que poderiam ser tangidas como se fossem cordas de baixo. Tanto de uma forma, quanto de outra, o objetivo foi alcançado.

A escolha das cordas foi meramente uma questão dimensional, já que essas cordas era as únicas do mercado com o calibre apropriado para o projeto. Foram feitos diversos cálculos antes de chegar a colocar a “mão na massa”, definindo qual a escala apropriada e o jogo de cordas ideal para não subir demasiadamente a tensão no instrumento, considerando o que já existia de disponível no mercado.

A outra guitarra do set é a “Blue Star”, a primeira guitarra da MMichalski Luteria. Com corpo em Alder, braço em Maple, escala em Rosewood, captadores Seymour Duncan Hot Stack (braço e meio) e Seymour Duncan Invader (ponte), ferragens Wilkinson, potenciômetros CTS, encordoamento GHS Progressives Dave Mustaine Signature, trata-se de uma superstrato bastante nervosa.



Devido ao calibre misto do encordoamento (010-013-017-030-044-052), que começa nas cordas mais agudas como um tradicional 010, mas termina nas cordas mais graves como se fosse um equivalente a 012, a tensão no braço acaba sendo mais alta do que seria com um jogo padrão 010, especialmente nas cordas mais graves. 

Além disso, resolvi que esta guitarra poderia ser afinada de uma forma não tradicional, e passei a utilizar uma afinação em quartas, como nos baixos, passando a usar EADGcf  ao invés do tradicional EADGbe. Com isso, a tensão das cordas mais agudas também ficou maior. 

Porém, essa variação nunca trouxe qualquer tipo de problema para o instrumento, que acaba sendo bem interessante para o uso do “two hands”, uma vez que, sem o intervalo em terça que existe tradicionalmente entre a segunda e a terceira cordas de uma guitarra, é possível se criar escalas simétricas para arpejos que percorram o braço de maneira ascendente ou descendente.

Acredito que eu já tenha apresentado mais do que o suficiente para que os leitores tenham uma noção de como são meus instrumentos pessoais.

No próximo post sobre o meu set, abordarei a questão dos efeitos que utilizo.

Abraços,

Miguel Michalski.