MMichalski Music News

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Ordem de Efeitos

Olá leitor.

Sei que estou há muito tempo sem aparecer e escrever nada por aqui, e sei que muitos vão reclamar, pois quando resolvo aparecer, coloco um texto que não é meu.

Porém, um comentário de um leitor (obrigado Tato) me fez lembrar que eu nunca compartilhei esse texto aqui.

Ele foi escrito por um grande baixista, Mario Souza Lima, também conhecido como Mario Farufyno, responsável pelos grooves de uma banda de samba-rock de São Paulo, Farufyno.

O Mário compartilhou esse texto em um grupo do quase extinto Orkut, “Baixo Brasil”, há muito tempo.

Não cheguei a conseguir a autorização dele para usar o texto. Mas a mesma também não foi negada. Na verdade, o texto já era público (de certa forma) no Orkut, mas como faço questão de tentar manter as coisas em ordem, dou todos os créditos ao Mário e se, um dia, de alguma forma, ele se sentir prejudicado pela postagem desse texto aqui, posso tirá-lo do ar sem problema.

No mais, apenas posso dizer que é, sem dúvida, o melhor texto sobre pedais e seu uso com o contrabaixo (e as guitarras em geral) e, por mim, deve ser compartilhado com todos os músicos que se interessarem.

Esse texto foi a base dos meus experimentos com pedais e até hoje sigo ele em praticamente tudo.

Ei-lo aqui:


Ordem de Efeitos... (e pedais stereo)

A ordem dos efeitos influencia sim e é por isso que cada um tem sua preferência na ordem de montagem deles, mas, de modo geral, você pode seguir uma regrinha (que você igualmente pode driblar se preferir é só experimentar pra ver se gosta mais):

Comece pelos pedais de "ganho", o que incluiria dinâmica, passe pelos de equalização e só então vá para os de "síntese" e feche com os de "tempo". Algo como 1º Drive ou Fuzz, algum dos vários tipos de distorção, depois Equalizadores, gráficos ou paramétricos, igual aos estágios do seu (pré) amplificador 1º o ganho do Input e depois o Equalizador. Regulado o ganho e o timbre você entra nos "efeitos" propriamente.

Agora temos pedais que chamei de "de Síntese" que podem ser desde Oitavadores até os pedais "Synth" como os Auto-Wha e afins. Na verdade, os Wha são os pedais com maior variação de posição numa pedaleira e têm gente que os põe no início da cadeia e outros que os põem no final (que é quando querem aplicar o Wha ao Drive ou Drive a ele, por exemplo).

Outro pedal que não têm posição fixa são os Compressores, em princípio eles entram no início para suavizar a dinâmica do Baixo e dar uma uniformizada no seu som antes de alterá-lo com efeitos (com tudo de bom e ruim que possa vir disso). Mas algumas pessoas podem preferir usar um Limiter, que é um tipo de compressão de taxa altíssima e ataque idem, no final justamente para equilibrar o sinal que, após processado pode apresentar transientes (sinal rápido de alto ganho) perigosos aos equipamentos pra frente. Esse é um assunto que gera discussões e polemicas entre técnicos de som até hoje.

Para encerrar a cadeia você pode entrar com pedais "de tempo", Chorus, Flanger, Reverb e Delays. Embora os 2 últimos não sejam frequentemente empregados no Baixo, eles têm seu uso, em especial para solo. Se você for usar Chorus e Delay junto, ponha o Chorus antes.

Reverb e Delay, como dão "dimensão" e ambiente ao teu som, sempre entram no final. É como se você levasse teu amplificador da sala para o banheiro, ou catedral...

Acho que isso cobre os possíveis tipos de pedais que você possa estar pensando em empregar.

O DI é outra questão polêmica, se você for gravar ele deve ir antes, pois o emprego de efeitos sempre complica a mixagem, uma vez que cada um tem um ganho de saída diferente quando não alteram a equalização. Por isso os técnicos tendem a querer pôr e regular os efeitos só na hora da Mixagem. E é por isso também que muito técnico gostaria que enviássemos o sinal limpo pra eles mesmo num show "ao vivo".

Mas o camarada não vai ter um Wha na mesa nem saber a hora de abrir e fechar um reverb. E por isso te sugiro que o DI vá antes do Amplificador e depois da pedaleira.

As saídas estéreas são um grande fetiche, pois, na verdade, muita PA é feita em mono mesmo. Imagina o cara abrindo o "pan" num show grande e jogando o solo de guitarra no lado esquerdo e você está à direita do palco, vai ouvir tudo baixinho? Por isso é difícil de ver alguém empregando mixagens estéreas em shows ao vivo (talvez em teatros, mas como isso também requer um maior número de potências, é possível que o fornecedor do equipo "miguele" mesmo e você continue em mono).

O estéreo é muito bom se você está na sua casa, em poucas pessoas, ouvindo a duas caixas bem postadas e espaçadas. Fora isso, você nem aproveita a dimensão do panorama estéreo.

Mas se acontecer de você poder aproveitá-lo, você vai precisar de tudo dobrado: Um amplificador por canal e, óbvio, um DI e canal na mesa livre para o canal extra. Lembre que você só vai sentir bem o estéreo se o par de caixas e amplificadores estiverem próximos a um triângulo equilátero com os seus ouvidos (igualmente espaçados entre si e de você).

Abraços,

Miguel Michalski.