MMichalski Music News

domingo, 31 de janeiro de 2010

Substituição à vista: sai o CD, entra o LP (novamente).

Bom, demorei, mas postei...

E, para meu primeiro post de verdade, um assunto polêmico. Será que presenciaremos em breve o fim do CD e a volta do LP, ou para quem é mais íntimo, as “bolachas”?

Não é novidade para ninguém que a indústria fonográfica vem tentando ao longo dos últimos anos encontrar uma nova forma de comercializar a produção artística de tantas bandas, cantores e cantoras espalhados pelo mundo.

Questões como a pirataria, a distribuição gratuita, mp3, áudio de alta definição, e tantas outras são discutidas muitas vezes de maneira acalorada, sempre encontrando as turminhas dos prós e as turminhas dos contra.

Quando uma banda tenta entrar no mercado, ela deve traçar uma estratégia e ter muita sorte, uma vez que com o mar revolto da maneira que se encontra, definir um rumo é uma tarefa bem complexa. Se que é peixe grande não sabe o que fazer, imagina os peixes pequenos.

Nesse último grupo, posso me incluir e, juntamente coma banda que eu produzo, a Hotel Liberal, um dos grandes desafios a ser vencido é como ganhar se inserir nesse contexto.

Porém, a questão maior desse post é dada no próprio título: seria o fim do CD e a volta do LP?

Hoje vi uma reportagem na Revista de domingo do jornal O Globo sobre a reativação da Polysom, última fábrica de bolachas da América Latina a fechar.

A demanda por LPs vem crescendo tanto nos últimos anos que até mesmo reativar uma empresa cujo maquinário foi praticamente sucateado tornou-se viável.

Achei muito bacana, porque o know-how foi resgatado e antigos funcionários da empresa voltaram à ativa. De fato, dificilmente encontraríamos por aí um garotão que saiba do que se trata um LP, quanto mais produzi-los em escala.

Fiquei muito contente também por perceber que uma idéia que está na minha cabeça há algum tempo está se concretizando: o LP não morreu, pelo contrário, está mais vivo do que nunca.

Ano passado tive a oportunidade de visitar alguns países na Europa e, ao entrar em algumas Fnac percebi que a quantidade de bolachas a venda era bem maior do que a esperada. E não apenas as bolachas, mas os novos toca-discos também estavam por lá.

Cheguei a conversar com um grande amigo meu, especialista da área de TI e um grande conhecedor de tecnologias de áudio e vídeo, sobre isso, mas não recebi muito crédito. Afinal, se já chegamos ao som 7.2 com alta definição, porque retornar ao LP de dois canais?

Mas, está aí... O LP continua girando nas vitrolas.

Tenho algumas idéias sobre os prós e contras de CDs e LPs e gostaria de expor-las a seguir.

O LP, por ser analógico, é capaz de reproduzir o som com a mais alta fidelidade, fidelidade esta maior do que qualquer reprodução digital, como CDs, DVDs, Blue Rays e qualquer tipo de arquivo. Porém, pensar desta maneira é ser ingênuo: hoje em dia, as gravações são todas digitais e a fidelidade da reprodução está muito mais ligada à própria gravação do que à reprodução em si.

O LP reproduz uma banda de freqüências maior do que o CD. Isto é verdade, porém, nada impede que a mesma banda possa ser reproduzida por meios totalmente digitais.

A tecnologia digital hoje disponível no mercado com gravações em até 6 canais (5.1), por exemplo, e cada vez crescente, permitiria uma reprodução mais fiel em termos espaciais de uma orquestra, por exemplo. Discordo, pois não estamos falando do som de um Home Theater, que faz uso de um número cada vez maior de canais. Ao reproduzirmos o áudio de um filme, muitas vezes é interessante para gerar determinadas sensações no espectador, colocar o mesmo dentro da cena. E, desta forma, vários canais de áudio que rodeiam o espectador são necessários. Porém, quando falamos de assistir um conserto de música clássica ou uma banda de rock, não é exatamente um desejo do espectador ficar dentro da banda ou da orquestra. Mesmo em teatros ou arenas, assistimos a banda olhando de frente para ela. Muitas vezes o espectador rodeia a banda, mas não o contrário. Desta forma, uma reprodução que permita diferenciar direita, esquerda e centro seria suficiente. E para isso, dois canais bastam.

Porém, talvez a questão praticamente incontestável: até o momento, LPs não são pirateáveis, enquanto que os CDs...

Desta forma, imagino que a música em si, dentro em breve, venha a ser comercializada da seguinte forma: via formatos 100% digitais, como os mp3 de hoje, porém com maior qualidade e definição, evoluindo ao longo do tempo, sem necessariamente aumentar muito de tamanho, permitindo assim uma circulação rápida e abrangente pela internet e, via bolachas, para termos em casa de forma a ouvirmos com a maior fidelidade possível nossa banda favorita.

Claro que, falando em arquivos, eles não necessariamente precisam ser vendidos... Podem ser doados e livremente distribuídos. Penso desta forma, pois, para mim, a música pop não vende mais música faz muito tempo. O que se vende é imagem. A música é apenas um meio do consumidor chegar à imagem. Claro que isso não permite que a música possa ser ruim ou mal feita. O marketing é alma do negócio, embora tenha muito lixo ainda disponível no mercado.

Porém essa é outra história que deixo para outro post.

Abraços!