MMichalski Music News

terça-feira, 3 de abril de 2012

Xingu - O Filme


Hoje consegui fazer várias coisas que eu não fazia há algum tempo: fui ao cinema, comi pipoca e estou escrevendo um novo post.

Fui assistir a pré estreia de Xingu, acompanhado da Ny, com direito a pipoca e refrigerante por conta da casa. Só ela mesma e seu blog para conseguirem esses programas. O último foi o inesquecível show da Ivete com Gil e Caetano, que passou no final de ano da TV Globo, em 2011.

Claro, como a dica para esta pré-estreia foi da Lathife, do Visão.Arte, também tenho que agradecê-la.

Portanto, como vocês podem ver (ler), o post de hoje não é sobre música, mas sobre cinema. Apesar disso, já digo que a trilha sonora do filme, mesmo sendo discreta, é extremamente bem colocada e de acordo com o contexto. Pronto, falei de música.

Tentarei evitar qualquer spoiler neste texto e também não pretendo dar uma de crítico de cinema ou bonequinho do Globo, já que criticar a 7ª arte não é minha praia.

Mas, o que mais posso dizer?

Desde que soube do filme, tive vontade de ir vê-lo. Ontem, quando soube que iríamos a pré estreia, dei pulos de alegria. E, posso dizer que não foram em vão.

O filme é muito bom. Apesar de ser “livremente baseado em histórias reais”, o filme é praticamente um documentário. Mas, não pense que seja de alguma forma, chato, muito pelo contrário. É emocionante.

Dirigido por Cao Hamburger, produzido por Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlinck e estrelado por João Miguel (Claudio Villas Bôas), Felipe Camargo (Orlando Villas Bôas) e Caio Blat (Leonardo Villas Bôas) – que por sinal, estava na saída do cinema hoje – o filme retrata a saga dos irmãos Villas Bôas na Marcha para o Oeste, criada pelo Governo Federal em 1943, até a formação do Parque Nacional do Xingu, resultado da luta travada pelos irmãos ao longo do tempo, em 1961.

Sou daqueles que provavelmente teria participado dessa marcha caso tivesse vivido àquela época... E sendo a fotografia do filme magnífica, permitindo ao espectador mergulhar na densidade da floresta amazônica e nas belezas do centro-norte brasileiro, me senti como tal.

Alguns detalhes são muito interessantes, e não podem deixar de ser mencionados, como a participação no filme de habitantes do parque do Xingu representando suas próprias etnias indígenas. Os três atores principais também se destacam, e transmitem muito bem como a dicotomia do homem branco e do indígena funciona, assim como o “time” do filme, que permite a “degustação”e reflexão do que está acontecendo.

O filme poderia ser mais longo, e nosso “Dança com Lobos” poderia ser mais explorado, sem a necessidade de se romancear mais ou de se documentar menos do que foi feito. Eu seria um daqueles que iria adorar isso. Com certeza, se fosse feito em Hollywood teria, pelo menos, o dobro do tempo. Mas perderia com isso, também, o gostinho de “quero mais”. Pelo menos mais meia-hora de filme valeria a pena.

Na verdade, para o contexto brasileiro, e pela proximidade histórica dos fatos narrados (estamos falando de quase 20 anos de história que aconteceram a menos de um século), o filme possui uma importância social, política e antropológica imensa, independente do tempo de duração. Muito mais importante e com muito mais impacto do que ver o Kevin Costner cavalgando pelas planícies norte-americanas.

Ver este filme deveria ser uma obrigação da todo cidadão. É o tipo de filme que deveria passar em toda escola (respeitando-se a faixa etária indicada, claro). É o tipo de filme cujo tema deveria cair na prova do próximo ENEM.

É um filme que nos faz pensar, que nos instiga a aprender e que mostra a nossa história. E mais, um filme que deixa no ar perguntas ainda atuais: o que são os índios brasileiros para a sociedade “branca” civilizada? Seriam cidadãos, como quaisquer outros? Uma espécie em extinção? Sombras do nosso passado primitivo?

Devemos refletir como vemos os índios e, talvez mais importante, como os índios nos veem.

Porém, de qualquer forma, vejam o filme! Estreia nesta sexta-feira, dia 06 de abril. E depois comentem o que vocês acharam aqui.

Abraços,

Miguel Michalski.